Pular para o conteúdo principal

Cristão e política: convivência possível ou completamente antônimos?

No dia de amanhã, 07 de outubro, o povo brasileiro vai às urnas para escolher os seus futuros representantes e governantes dos estados e do país. O atual cenário eleitoral da nação brasileira é marcada por uma grande polarização, cada lado com seus extremos. Uma luta de ideologias entre direita e extrema direita, contra esquerda e extrema esquerda vem separando famílias e amigos, causando rixas e ataques, até mesmo à vida. Considerando esse cenário, levanta-se as seguintes questões: qual posição o verdadeiro cristão deve tomar no que diz respeito à política, e quais critérios o cristão deve ponderar para votar corretamente?
O cristão deve ter uma certeza em seu coração: depois que conheceu e creu no sacrifício salvífico de Cristo, ele passa a ter dupla cidadania. Passamos a ser cidadãos da terra e cidadãos do Céu, onde Deus vive. Agora, alguém pode perguntar: "qual a base bíblica para tal afirmação?"... E a resposta se encontra no livro de Hebreus 11, o famoso capítulo dos "Heróis da fé". Lá nos versículos 8 a 16, o autor dessa carta mostra qual a esperança que Abraão, Isaque e Jacó tinham para obedecer a Deus. Ele diz assim:

Pela fé, Abraão obedeceu quando foi chamado para ir à outra terra que ele receberia como herança. Ele partiu sem saber para onde ia. E, mesmo quando chegou à terra que lhe havia sido prometida, viveu ali pela fé, pois era como estrangeiro, morando em tendas. Assim também fizeram Isaque e Jacó, que herdaram a mesma promessa. Abraão esperava confiantemente pela cidade de alicerces eternos, planejada e construída por Deus. Pela fé, até mesmo Sara, embora estéril e idosa, pôde ter um filho. Ela creu que Deus era fiel para cumprir sua promessa. E, assim, uma nação inteira veio desse homem velho e sem vigor, uma nação numerosa como as estrelas do céu e incontável como a areia da praia. Todos eles morreram na fé e, embora não tenham recebido todas as coisas que lhes foram prometidas, as avistaram de longe e de bom grado as aceitaram. Reconheceram que eram estrangeiros e peregrinos neste mundo. Evidentemente, quem fala desse modo espera ter sua própria pátria. Se quisessem, poderiam ter voltado à terra de onde saíram, mas buscavam uma pátria superior, um lar celestial. Por isso Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois lhes preparou uma cidade.
Hebreus 11:8-16
Portanto, o cristão deve ansiar, desejar ardentemente a cidade celestial, onde "'Ele enxugará dos olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. Todas essas coisas passaram para sempre” (Apocalipse 21:4).
Contudo, como cidadão da terra e cidadão brasileiro, o cristão deve exercer o seu direito de cidadania através do voto. Mas, nesse mundo polarizado, em quem o cristão deve votar? Quais critérios usar?
Primeiro, antes de tudo, quero deixar claro aqui que não vou apoiar nenhum partido político e nenhum dos seus integrantes, mas sim vou expor quais os conselhos que Deus nos dá através de Sua Palavra. Segundo, aconselho que os irmãos também não se envolvam em brigas por políticos ou partidos, mas testemunhem da graça de Deus e do Seu amor, respeitando opiniões divergentes e discutindo de forma saudável. Terceiro, lembrem sempre do que Cristo disse: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus"; obedeçam e cumpram aquilo que as autoridades exigem, sejam elas quais forem, mas obedeçam a Deus em primeiro lugar, pois é bem maior e é nosso Criador, Salvador e Legislador Supremo. Agora, dito isso, vamos ao que a Bíblia tem para nos dizer.
A Palavra do Senhor nos dá o primeiro conselho nos livros de 2 Crônicas 7:14 e Oseias 8:3-4. Os seguintes textos dizem isso:
então, se meu povo, que se chama pelo meu nome, humilhar-se e orar, buscar minha presença e afastar-se de seus maus caminhos, eu os ouvirei dos céus, perdoarei seus pecados e restaurarei sua terra.
2 Crônicas 7:14
Mas os israelitas rejeitaram o bem, e agora o inimigo os persegue. Nomearam reis sem que eu consentisse e escolheram príncipes sem minha aprovação. Fizeram para si ídolos de prata e ouro e assim provocaram a própria destruição. 
Oseias 8:3-4
Ao lermos esses textos, claramente podemos notar o primeiro conselho de Deus para nós: confiar Nele, andar nos Seus caminhos e pedir a Sua orientação para escolhermos os nossos reis. 
No povo de Israel, a posse dos reis ocorria de forma totalmente diferente da democracia brasileira. O regime "político" era uma monarquia teocrática, onde Deus instituía profetas (homens que tinham o Espírito Santo e se tornavam mensageiros do Senhor para o povo) e esses ungiam com óleo o homem agradável a Deus para ser rei e comandar o povo de Israel. Por isso, nós, como cristãos, também devemos pedir que o nosso Deus guie-nos com Seu Espírito Santo e nos ajude a ungir, a dar autoridade a uma pessoa que lhe agrade, que Ele tenha chamado.
Se o rei permanecesse no caminho do Senhor, teria fatura durante seu reinado, e o povo viveria feliz; agora, se ele se afastasse, era afligido com guerras e trazia angústias à nação. Nenhum homem é perfeito, e nem Davi (o homem segundo o coração de Deus) escapou de pecar... Porém, esse é o segundo conselho que a Palavra nos dá, meio que intrinsecamente: o homem correto para Deus não é o "homem perfeito" (esse não existe, apenas Jesus o foi), mas aquele que, mesmo imperfeito, defende alguns dos princípios divinos e os principais pontos morais; é aquele que se arrepende quando erra, e que não fica insistindo nos erros, mas aceita conselhos (Provérbios 9:9); homem íntegro que não deseja enganar a ninguém e que tem alegria no cumprimento da justiça, não recebendo propinas ou coisas do tipo (Provérbios 10:31; 11:15; 21:15; 29:4); um homem que pensa antes de agir, antes de fazer algo que pode comprometer toda a população que governa e que permanece firme diante das adversidades (Provérbios 21:29; 28:1); um homem que não é egoísta, mas procura beneficiar primeiro ao próximo do que a ele mesmo (Provérbios 21:26).
Como já dito, não existe esse homem perfeito, que atenda todos os requisitos de maneira plena e completa; e apesar de necessitarmos do guiar de Deus, o Senhor não tira também a nossa racionalidade. Por isso, o cristão deve analisar a vida, a conduta, a prática, as palavras e as propostas de todos os candidatos e escolher aquele que mais se aproxime do que a Palavra de Deus nos diz.
O terceiro conselho de Deus se encontra no livro de Romanos 13, que define o papel das autoridades governamentais: punição dos crimes de forma rígida e justa e reconhecimento e recompensa daqueles que praticam boas obras. Além disso, devemos votar em um candidato que zele pela liberdade de opinião, expressão e de culto. 
Não sei se algum de vocês, leitores, irá perguntar isso, mas é possível que alguém pergunte: "como eu, cristão, posso votar em quem preza pela liberdade religiosa, já que as outras religiões vão contra o que eu acredito?"... Bem, se você não defende a liberdade de escolha, você ainda não é um cristão transformado e vou explicar por quê.
Segundo o site Got Questions em Português, há quatro motivos para os cristãos defenderem a liberdade de escolha e de religião, baseando-se na Bíblia. São estes os motivos:
  1. "Primeiro, o próprio Deus estende uma 'liberdade de religião' para as pessoas, e a Bíblia tem vários exemplos. Em Mateus 19:16-23, o jovem governante rico vem a Jesus. Depois de uma breve conversa, o jovem 'retirou-se triste', optando por não seguir a Cristo. O ponto saliente aqui é que Jesus o deixou ir. Deus não 'força' a crença nele. A fé é comandada, mas nunca coagida. Em Mateus 23:37, Jesus expressa o desejo de reunir os filhos de Jerusalém para si, mas 'vós não o quisestes'. Se Deus dá aos homens a liberdade de escolher ou rejeitá-lo, então também devemos."
  2. "Em segundo lugar, a liberdade de religião respeita a imagem de Deus no homem (Gênesis 1:26). Parte da semelhança de Deus é a vontade do homem, ou seja, o homem tem a capacidade de escolher. Deus respeita nossas escolhas na medida em que Ele nos dá liberdade para tomar decisões em relação ao nosso futuro (Gênesis 13:8-12; Josué 24:15), mesmo que tomemos decisões erradas. Novamente, se Deus nos permite escolher, devemos permitir que outros escolham."
  3. "Em terceiro lugar, a liberdade de religião reconhece que é o Espírito Santo que transforma corações, e não o governo (João 6:63). Somente Jesus salva. Tirar a liberdade de religião é intimar que o governo humano, com seus governantes falíveis, tenha o poder de determinar qual religião é correta. No entanto, o reino de Cristo não é deste mundo (João 18:36), e ninguém se torna cristão pelo decreto de um governo. Somos feitos cristãos pela graça de Deus através da fé em Cristo (Efésios 2:8-9). O que o governo faz ou não faz não tem relação com o novo nascimento (João 1:12-13; 3:5-8)."
  4. "Em quarto lugar, a liberdade de religião admite que, em última análise, não se trata de religião; trata-se de relacionamento. Deus não deseja uma forma externa de adoração, mas um relacionamento pessoal com os seus filhos (Mateus 15:7-8). Nenhuma quantidade de controle governamental pode produzir tal relacionamento."
Baseados nesses textos bíblicos e no livre direito de escolha que o Senhor nos dá, nós não podemos tirar o direito de escolha de outros. Por isso, devemos, como cristãos, votar em alguém que respeita a todos, sem impor ideologias erradas perante Deus e sem impor religiões ou formas de adoração.
Por último, vamos ao conselho final. Alguns podem se perguntar: "Mas eu tenho um compromisso com alguém, porque ele me ajudou muito. Eu posso votar no candidato que ele me indica, mesmo se ele não cumprir muitos desses requisitos?". Bom, dando minha sincera opinião aqui, creio ser uma questão de consciência para com Deus. Se você crer que estará votando em um candidato que não creia ser o indicado de Deus, você deve repensar e procurar seguir o conselho de Pedro que diz:

Devemos obedecer a Deus antes de qualquer autoridade humana.
Atos 5:29
Porém, se você, mesmo assim, votar para agradar o seu amigo e achou que o candidato não foi bem na sua gestão, descumprindo com algum compromisso ou valor descrito aqui, e se arrependeu de ter votado nele, Deus o perdoa, pois o sangue de Cristo nos limpa de todo mal e de todo pecado. Examine sua consciência para com Deus e, mesmo se você falhar no seu voto, pode ficar tranquilo pois Ele perdoa quando verdadeiramente nos arrependemos e pedimos perdão.

Esses conselhos que aqui foram descritos têm o objetivo de levar os irmãos a refletir e, baseados na Palavra e na coerência das propostas de cada candidato para o país, decidirem em quem vão depositar a sua confiança para governar a nação. Eu quero terminar essa postagem dizendo o seguinte: nessa polarização que marca o cenário político brasileiro, o cristão não deve levantar bandeiras. 
Não levante bandeiras de esquerda, nem bandeiras de direita; levante as suas mãos para o céu, peça a ajuda de Deus e a unção do Espírito Santo para ser bíblico. Só assim nós podemos transformar o Brasil: colocando em prática o amor de Deus, manifestado na pessoa de Jesus Cristo, pregando a Sua mensagem, com a ajuda do Espírito Santo, que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8-11). Anseie, deseje e tenha o conhecimento de que nós somos apenas passageiros nessa terra. O nosso Reino não é aqui, a nossa pátria se encontra no Céu e o nosso Rei é Jesus Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

AMANHÃ, EXERÇA SEU DIREITO DE CIDADANIA COM RESPONSABILIDADE. VOTE CONSCIENTE! VOTE NA DIREÇÃO DE DEUS!

Deus abençoe a todos!!


Lucas Araújo
Criador da Rede Evangelística Maravilhas faz Deus

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O templo da verdade - CRISTO E O SERMÃO DO MONTE

Texto-base: Mt 5 Parte conhecida da vida de Cristo e da Bíblia, inclusive, o Sermão do Monte possui vários ensinamentos, não só para nós cristãos, mas também para aqueles que não seguem a Cristo.   Nesta tal passagem, Jesus discursa as "BEM-AVENTURANÇAS", às quais são divididas em 8 passos fundamentais para o crescimento espiritual: Humildade (necessidade consciente)        Mt 5:3 Arrependimento (lamento pelo pecado)        Mt 5:4 Mansidão (marca o nascimento de um novo espírito)        Mt 5:5 Apetite espiritual (crescimento significativo)        Mt 5:6 Misericórdia (atributo de Deus, indicando avanço)        Mt 5:7 Pureza de coração (marca novas atitudes em que temos visão de Deus)        Mt 5:8 Pacificação (influência similar à de Cristo, que acalma as tempestades da vida)        Mt 5:9 Sofrimento por Cristo (assemelhando-se aos profetas e mártires)        Mt 5:10-12 Seguindo os passos que Jesus realizou aqui na terra e fazendo os passos que Ele ensinou n

Estudo Bíblico sobre Perdão - Parte 2

Bom, pessoal, primeiramente me desculpe pela demora em postar essa segunda parte do estudo; estava esperando um momento de coragem e mais tempo, para que pudesse trazer e pensar nas palavras corretas para bom entendimento. 1. O que a Bíblia diz sobre a prática do perdão? Como vimos no estudo passado, o perdão é um atributo plenamente divino e característica intrínseca ao amor verdadeiro; também vimos que, na cruz, por meio de Jesus Cristo, Deus demonstrou o Seu perfeito perdão ao homem, perdão dos pecados, que pode ser adquirido quando o homem realmente demonstra arrependimento e fé no sacrifício de Jesus Cristo. Hoje, vamos aprender sobre o que a Bíblia diz acerca da prática do perdão pelo ser humano. Os cristãos são considerados embaixadores de Cristo na terra (2Co 5:20); sendo assim, tudo o que fizermos deve refletir o caráter, a natureza de Deus, que nos salvou, amou, perdoou. Por esse motivo, a Bíblia não apenas apoia e incentiva, mas ordena a prática do perdão pelos homens, princ

Estudo Bíblico sobre Perdão - Parte 1

  Como prometido, trago aqui a primeira parte do estudo bíblico acerca do perdão; se gostarem e aprenderem com o estudo, agradeço se derem o seu feedback nos comentários e também no compartilhamento, para que mais pessoas possam aprender juntamente conosco. O PERDÃO: 1. O que é? Embora muitos conheçam a palavra, é essencial também entrarmos e desenvolvermos o significado do perdão. Nada mais é do que uma atitude, uma decisão tomada em prol de esquecer mágoas, rancores e sofrimentos passados causados por terceiros. É um dos atributos que compõem o amor, em sua pureza e totalidade, já que se trata de um ato que contraria o ego e o orgulho humano; sendo assim, também considera-se o perdão um atributo, uma escolha, um ato proveniente diretamente de Deus. Contudo, não apenas por isso, mas pelo que também a Palavra nos diz sobre Deus e o perdão. 2. O que a Bíblia nos diz sobre o perdão de Deus? A Bíblia nos diz que Deus é amor (1 João 5:8); portanto, como diz Paulo em 1 Coríntios 13:5, o amo